Tem “mosquito do bem” solto no ar. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a World Mosquito Program Brasil (WMP Brasil) deram início, na manhã desta terça-feira, a mais uma etapa da expansão do método Wolbachia para o combate à dengue. Os mosquitos que não causam a doença foram liberados no Caju, e serão soltos também no Centro e na Ilha de Paquetá. As ações nesta etapa seguem até agosto.

Esse método consiste na introdução Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti, que, com a alteração, recebem o nome de Wolbitos. Eles não transmitem o vírus que causa dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Uma vez liberados nos bairros, com a reprodução natural, a população de Aedes aegypti nestas regiões será gradativamente substituída, de forma autossuficiente e sustentável, por mosquitos incapazes de causar estas doenças. As solturas não oferecem riscos.

Segundo a WMP Brasil, a Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 50% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos, mas não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Em pesquisas em laboratório foi apontado que a bactéria não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.

“A Secretaria de Saúde espera, com essa expansão, fortalecer o Método Wolbachia na cidade e auxiliar no controle das arboviroses nos bairros. O Caju é um local com alta incidência de dengue e o Centro da cidade é uma área estratégica pela grande circulação de pessoas. Já Paquetá é uma ilha com uma distância considerável do litoral, o que cria condições específicas e que serão bem interessantes para serem analisadas neste trabalho com os Wolbitos”, diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

De acordo com o boletim epidemiológico da Prefeitura do Rio, no Centro foram registrados 396 casos nos três primeiros meses deste ano, dos quais 113 apenas em março. Já no Caju, apenas este ano já foram 389 casos, sendo 123 só no mês passado. Em Paquetá, são 235 casos em três meses de 2024, sendo 76 no último.

A soltura de Aedes aegypti adultos pode ser feita de carro ou a pé. Durante as ações são utilizados tubos que contêm mosquitos com Wolbachia e, à medida que o colaborador avança no terreno, abre os recipientes e promove a liberação dos Aedes, explica a WMP Brasil.

Três bairros do Rio têm ações com o método Wolbachia, em que mosquitos ajudam no combate à dengue — Foto: Edu Kapps/SMS/Divulgação
Três bairros do Rio têm ações com o método Wolbachia, em que mosquitos ajudam no combate à dengue — Foto: Edu Kapps/SMS/Divulgação

O método é apenas um dos usados no combate à proliferação do mosquito transmissor da dengue. Outras ações devem estar alinhadas, como o cuidado para evitar o acúmulo de água e a limpeza de forma correta de possíveis focos da doença.

Atualmente, 29 bairros da Ilha do Governador e adjacências já têm a presença dos mosquitos com a Wolbachia a partir de ações de liberação entre o final de 2016 e 2019, e até 2021 foram realizadas algumas liberações pontuais. O acompanhamento epidemiológico é realizado com dados do Sistema de Notificação Nacional (Sinan) para identificar o impacto do método. O trabalho com o Método Wolbachia é conduzido pela Fiocruz, em parceria com o WMP Brasil e governos locais, com financiamento do Ministério da Saúde.

Fim da epidemia de dengue no Rio

Na última sexta-feira, Daniel Soranz anunciou o fim da epidemia de dengue na cidade do Rio. A redução no número de casos da doença proporcionou a mudança no panorama no município. Segundo o secretário, a epidemia foi caracterizada pelo aumento do número de casos acima da expectativa para o período. A rede municipal chegou a atender 2.614 pessoas com dengue em um único dia, na última semana de fevereiro. Nas duas últimas semanas, a rede atendeu menos de 5 pessoas com a doença por dia.

Até o fim de março, o município do Rio teve 82.089 casos de dengue e 7 mortes. Os polos que foram montados para atendimento da população vão virar pontos de vacinação para a gripe.

Sucesso no território vizinho

Em fevereiro deste ano, a Prefeitura do Niterói, município vizinho à capital fluminense, na Região Metropolitana do Rio, divulgou que a cidade é a primeira do país 100% protegida pelo método.

Em Niterói, o trabalho foi iniciado em 2015 com uma ação piloto em Jurujuba. Dois anos depois foi expandido no município com cobertura em 33 bairros das regiões praias da Baía e Oceânica. Em 2021, dados apontaram a redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção com aplicação do método. Naquele período, 75% do território estava coberto.

Calendário de vacinação ainda aberto

Na cidade do Rio a vacinação contra a dengue segue no calendário para dois públicos: crianças e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos e moradores de Guaratiba com idade entre 18 a 60 anos.

Os carioquinhas estão inseridos no calendário nacional, organizado pelo Ministério da Saúde. Crianças e adolescentes entre 10 e 14 ano têm até este sábado, dia 6, para receberem a primeira dose em um dos postos. A segunda dose é aplicada com intervalo de três meses. A vacina protege contra os quatro sorotipos da dengue. Para encontrar a unidade de saúde mais próxima, acesse aqui.

Já os moradores de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, de 18 a 40 anos, podem também se vacinar contra a dengue. A ação faz parte de uma pesquisa, iniciada em fevereiro deste ano, organizada pela Fiocruz, pelo Ministério da Saúde e pela SMS do Rio, a fim de auxiliar na tomada de decisões de políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS). Os moradores da região devem fazer um pré-cadastro no site riosemdengue.prefeitura.rio/guaratiba.

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